terça-feira, 3 de dezembro de 2019

A DITADURA MILITAR E A MÍDIA


A DITADURA MILITAR E A MÍDIA


Aluno E[1]
                                                         
                                                                                                   
Resumo: Este artigo objetiva relatar sucintamente o discurso do jornal Folha do subúrbio [2](situado na cidade de Camaçari/BA) mediante o golpe militar (1964-1985), que ocorreu em 31 de março de 1964 durante o mandato do presidente João Goulart (Jango), que foi sucessor de Jânio Quadros.


Palavras chave: Revolução, golpe, ditadura, censura.




     O jornal Folha do Subúrbio foi um importante receptor de notícias daquela época (1963-1966). Desde antes do golpe o jornal já vinha publicando matérias bastante contundentes com críticas ao governo do presidente Goulart, até mesmo ironizando o fato de o governo do atual presidente ser considerado operário e o transporte está tão decadente para os próprios operários, "pois não é possível que agora que temos um governo trabalhista no poder, os operários se vejam na contingência de arribar para a capital sem meios e sem recursos" [3]. 
    O jornal não parava por aí também acusava o atual governo de fraco nas políticas externas e o denominava de "demagogo": "o que nunca se viu no Brasil senão nesses dois últimos anos, foi a agitação demagógica montada e posta para funcionar pelas próprias autoridades" [4].
     Segundo o historiador Carlos Fico [5]em seu livro (o golpe de 1964 p. 60-61) “um  dos motivos da derrubada do então presidente foi as "marchas com Deus, pela liberdade" (19 de março de 1964)”, [6]movimento que teve início depois de um infeliz discurso do S.r. Goulart no comício da central, no qual segundo a oposição atacava o Rosário que é um dos símbolos da Igreja Católica. O movimento teve total apoio da Igreja, chefes de estado, empresários, parte da população e grande parte dos militares, depois de toda essa pressão popular no dia 31 de março de 1964 os militares tomaram o poder e derrubaram Goulart.
      No dia 30 de abril de 1964 o jornal Folha do Subúrbio estampou em sua capa uma matéria com o título" o novo presidente", com a foto do então novo presidente Humberto Castelo Branco, que foi um dos líderes do golpe. A matéria do jornal parabenizou o ocorrido e auto o intitulava como "revolução", com o seguinte texto: "...o estado de revolução entra em recesso para instalar-se a normalidade democrática e realizar-se o ideal da nação brasileira". E não se para por aí. Na mesma edição, o jornal ainda afirma, "o pleno poder e associação das nações unidas estão de acordo com o nosso conjunto de eliminar a guerra, a agressão e o perigo da violência", [7]com isso o jornal afirma que com o início do novo governo todos os problemas irão ser combatido a rigor.
     Na edição seguinte  30 de maio o jornal expõe  editorial com o título "moção de congratulações" com o nome do então redator e dono do jornal (Eduardo Cavalcante Silva), com um certo tom de comemoração pelo acontecimento da revolução (golpe). "... em reconhecimento pelos serviços prestados pelo ilustre jornalista e dedicado aos inimigos dos comunistas- vem congratular-se com sua pessoa, nesta vitória"[8], com isso notório constatar que no ponto de vista do jornal o cenário político da ocasião era propício ao país. 
    Na edição de agosto do jornal, com o título "os comunista e a UNE" o jornal denuncia de forma acentuada que no governo anterior houve infiltração de comunistas nos sindicatos estudantis, "...notadamente durante o governo do Sr. Goulart os sindicatos e as agremiações estudantis têm sofrido os efeitos das infiltrações comunistas"[9], e com mais essa crítica ao governo de Goulart, o jornal deixa a entender que o governo de Castelo Branco estava encontrando dificuldade com os sindicatos estudantis por conta da presença de comunistas que são contra a revolução (golpe).
     Na edição de 25 de dezembro de 1964, o jornal Folha do Subúrbio expõe uma edição bastante polêmica com o título contra revolucionários, isso porque militares instalaram naquela época uma censura para todos aqueles que eram contra a ditadura, e o jornal os intitularam como "os contrarrevolucionários", ação um tanto quanto dúbia porque é bastante provável que até mesmo eles da Folha do Subúrbio estariam sendo de alguma forma censurados, mas em vez de defender o seu setor (a mídia) eles os colocavam como inimigos da pátria e comunistas: "se queixem da falta da liberdade de imprensa, da liberdade de cátedra, da liberdade de ação ? Esses poríferos comentários são daqueles que queriam uma revolução diferente, uma revolução de esquerda, socialista e comunista".[10] Esse artigo polêmico era nada mais de que uma alfinetada a quem era contra o regime militar e um jeito de expor que ele estava de acordo como o governo.
     Em 23 de janeiro de 1965, o jornal lança mais uma edição com o uso de críticas ao governo de João Goulart acusando-o de nacionalista e deixando nítida que segundo ele o nacionalismo era algo ruim e que estava sendo combatido pelo presidente militar Castelo Branco pensamento que pode-se comparar no cenário atual do país, no qual acusa- se o nacionalismo: "se descobriram de corrupção e de traição à pátria dos ardorosos nacionalista". O jornal não parou por aí logo depois publicou uma nota intitulada "maculando a revolução!",[11] na qual o jornal compara números obtidos durante o governo anterior em que se apresenta a alta de preços no custo de vida da população brasileira: "uma casa que pagava 3 mil cruzeiros de décimas passou a pagar 30 mil cruzeiros, um lote de terras que pagava de transmissão interativas 3 mil e 600 cruzeiros passou a pagar 36 mil"[12] números que são considerados absurdos já que os preços já vinha subindo a muito tempo bem antes do governo de João Goulart já que a inflação naquele tempo já estava a muito tempo em alta.
     Em 1966 a perseguição aos que eram contra o regime militar era muito grande tal que se alguém se candidata-se a alguma eleição com um ideal nem que fosse um pouco contrária ao ideal da revolução (golpe) esse era atacado e perseguido. Isso aconteceu com um candidato e o Folha do Subúrbio fez questão de mostrar isso e deixa o seu direcionamento político: "depois de tudo isto de uma revolução que nos trouxe, pelo menos esperança de melhores dias em nossa comuna, é que vem assim, este 'prefeito profissional'[13] acobertado pela bandeira da arena".
    Com isso é notório constatar que a Folha do Subúrbio e todos os senhores nela envolvida desde até antes que o golpe se consolidar-se possuía um posicionamento contrário ao governo de João Goulart pois em várias edições o jornal relacionava-o com o comunismo e com os problemas sociais que haviam se acarretado naquela época com o objetivo de voltar os seus leitores contra o governo e relatar que segundo eles era preciso mudança, e depois do golpe o jornal só efetivou o seu apoio ao atual governo, com a edição "a marcha da família também nessa cidade", que deixava explícito o apoio da população para o golpe. Outra forma que comprova isto é o editorial do jornal intitulado "moção de congratulações" (30 de novembro de 1964) que era em comemoração e apoio a consolidação do golpe e várias outras edições de elogio ao governo de Castelo branco, e a última e mais clara evidência de apoio do jornal ao regime militar é a denominação do movimento como "revolução" e que seria a esperança do Brasil. 


Referências:


Jornal Folha do subúrbio edições de (1963-1966).

O golpe de 1964: momentos decisivos, do historiador Carlos Fico (2014) P. 60-61.


[1] Estudante do ensino médio do centro educacional Professor Edílson Souto Freire.
[2] Jornal Folha do Subúrbio situado na cidade de Camaçari/BA, propriedade do Sr. Eduardo Cavalcante Silva, edições de estudo entre (1963-1966).
[3] Jornal Folha do Subúrbio, 20 de fevereiro de 1963. N°463.
[4] Jornal Folha do Subúrbio, 15 de janeiro de 1963. N°462.
[5] Carlos Fico da Silva é um historiador brasileiro, especialista em história do brasil e republica, com ênfase em temas como ditadura civil-militar.
[6] O livro golpe de 1964; momentos decisivos, do historiador Carlos Fico, P. (61-62).
[7] Jornal Folha do Subúrbio, 30 de abril de 1964. N°481.
[8] Jornal Folha do Subúrbio, 30 de maio de 1964.N°482.
[9] Jornal Folha do Subúrbio, agosto de 1964. N°485.
[10] Jornal Folha do Subúrbio, 25 de dezembro de 1964. N°489.
[11] Jornal Folha do Subúrbio, 23 de janeiro de 1965. N°490.
[12] Jornal Folha do Subúrbio, 30 de abril de 1965. N°493.
[13] Jornal folha do subúrbio, 28 de setembro de 1966. N°510.

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